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25.1.25

Luz del Fuego

Luz del Fuego e sua última morada

Luz del Fuego foi uma bailarina, naturista e feminista brasileira, nasceu em Cachoeiro do Itapemirim, Espírito Santo. Foi a décima quinta filha de Antônio Vivacqua e Etelvina.
No início dos anos 20, a família Vivacqua mudou-se para Belo Horizonte. "Luz del Fuego" foi o nome artístico adotado posteriormente por Dora Vivacqua. Ao conhecer o serpentário do Instituto Ezequiel Dias, onde era o seu passeio preferido.
Luz del Fuego e sua última morada

Anos 40

Geniosa, não aceitava ordens nem opiniões sobre sua vida. Queria ir para o Rio de Janeiro. Abominava o uso do sutiã. Desfilava pela praia de Marataízes de calcinha e sutiã "improvisado" com lenços, quando o biquíni ainda estava longe de constar no vocabulário nacional.
Em 1944, tornou-se atração da noite no palco do picadeiro do Circo Pavilhão Azul, sendo anunciada como "a única, a exótica, a mais sexy e corajosa bailarina das Américas: Luz Divina e suas incríveis serpentes".
Em 1947, por sugestão de um palhaço, começou a adotar o nome artístico de "Luz del Fuego", nome de um batom argentino recém lançado no mercado.
O "nome atraía público". A imagem do "fogo" representava bem a nova opção de vida da dançarina.
Luz já havia salvo vários circos da falência com seus espetáculos.

Posteriormente foi contratada por um casal, para um pequeno teatro em Copacabana, chamado Follies. 
Suas falas, que ela nunca decorava, ficaram sob a responsabilidade de um jovem membro da família, Daniel Filho.

O espetáculo "Mulher de Todo Mundo" fez muito sucesso. As notas na imprensa começaram a aparecer e as atividades de Luz causavam incômodo à família.
Luz resolveu publicar seu diário com o título de "Trágico Black-Out". Eram trechos comprometedores, como a sedução pelo cunhado, e fatos que aludiam a uma prostituição assumida. 
Logo após, Luz anunciava um segundo livro, com o sugestivo nome de "Rendez-vous das Serpentes".
No final dos anos 1940, começou a expor os seus ideais existencialistas, naturistas, em defesa dos direitos da mulher e da liberdade de expressão, e em combate aos preconceitos sociais.
Luz del Fuego - Revista

Naturismo

Em 1950, começou a colocar em prática as ideias naturistas de vegetarianismo e nudismo apresentadas em "Trágico Black-Out".
Segundo ela: "Um nudista é uma pessoa que acredita que a indumentária não é necessária à moralidade do corpo humano. Não concebe que o corpo humano tenha partes indecentes que se precisem esconder".
Luz começou a tornar públicas suas ideias em um país onde ainda não se usava maiô de duas peças nas praias e o culto ao corpo se resumia aos concursos de Miss Brasil.
Reunia um pequeno grupo de amigas na praia de Joatinga, próximo a sua casa na Av. Niemeyer. Era uma praia deserta devido ao difícil acesso.
Acompanhada de transformistas e alguns amigos, recebeu a visita da polícia que levou todos para a delegacia. Luz percebeu então que o nudismo lhe asseguraria a evidência. 
Publica o  livro "A Verdade Nua". Nele lançava as bases de sua filosofia naturista.

Assim, na primeira metade dos anos 50, Luz del Fuego causava furor por onde passava e começou a ser conhecida em todo o país. 
Seus shows eram garantia de bilheteria certa e levavam todos ao delírio. Era o tempo das vedetes!

Luz chegou a ser capa da revista Life, nos Estados Unidos. Foi detida, várias vez, por desacato à autoridade. Seus irmãos se destacavam na política, no comércio e na área artística. O parentesco era inoportuno e eles a perseguiam.
Luz del Fuego - Revista Life
Luz criou o PNB, Partido Naturista Brasileiro, e conseguiu isto à custa de espetáculos gratuitos, seminua, nas escadarias do Teatro Municipal. Mas foi impedido o registro.
Luz seduziu o ministro da Marinha para conseguir a cessão de uma ilha para a sede de sua colônia, a ilha de Tapuama de Dentro, que tinha dois terços de seus oito mil metros quadrados formados de rochas, cactos e arbustos secos.

Ilha do Sol - Rio de Janeiro
Ilha do Sol - RJ
A partir da segunda metade dos anos 50, a "Ilha do Sol" batizada por ela, passou a ser uma das grandes atrações do Rio de Janeiro, apesar de não fazer parte dos roteiros turísticos oficiais.
Várias estrelas do cinema americano conheceram a ilha: Errol Flynn, Lana Turner, Ava Gardner, Tyrone Powel, César Romero, Glenn Ford, Brigitte Bardot e Steve MacQueen, que encerrou sua temporada de uma semana na ilha depois de acordar com uma das jiboias de Luz sobre seu peito. 

A nudez total era obrigatória na Ilha do Sol. Ninguém, nem mesmo autoridades e personalidades, podia entrar na ilha sem deixar toda e qualquer peça de roupas ainda no píer.
À época, os bailes de Carnaval na ilha tornaram-se famosos, causando grande polêmica na imprensa e na sociedade conservadoras de então.
Em 1955 a Federação Internacional de Naturismo (INF-FNI) reconheceu oficialmente o surgimento do movimento naturista no Brasil, relacionando a Ilha do Sol e o Clube Naturista Brasileiro como um de seus afiliados.
Luz de Fuego - Recepção

Internações

Em janeiro de 1936, aos 19 anos de idade, vive um romance com José Mariano Carneiro da Cunha Neto, que pertencia a uma das mais importantes famílias do Rio.
Certo dia, Luz del Fuego é flagrada com Carlos, um dos maiores empreiteiros da época, marido de sua irmã Angélica, em sua própria cama.
A maior parte da família preferiu acreditar nas mentiras de Carlos e pensando que sua cunhada era esquizofrênica a internou, durante dois meses, no Hospital Psiquiátrico Raul Soares, em Belo Horizonte.
Quando ela saiu do hospital, passou uma temporada na fazenda de Archilau, outro irmão, quatorze anos mais velho que ela.
Del Fuego passou a desfrutar de alguma liberdade, até que apareceu vestida apenas com três folhas de parreira e duas cobras-cipós como braceletes, para o filho do administrador da fazenda, responsável em acompanhá-la onde quer que ela fosse.
Quando repreendida, jogou-lhe um vaso de cristal na testa. Toda essa rebeldia causou uma segunda internação, desta vez na Casa de Saúde Dr. Eiras, famosa clínica psiquiátrica do Rio de Janeiro.
Luz de Fuego - Palco

Morte

Envolveu-se com um pescador musculoso e analfabeto, com quem manteve uma relação de muitos meses. Seu último amor foi o guarda portuário.
Os amigos quiseram alertá-la para um possível perigo do envolvimento com pessoas "deste nível". 
Ela respondia que não se preocupassem e arrematava: "Eu sou uma Luz que não se apaga".

Em 19 de Julho de 1967 dois irmãos armaram uma emboscada para Luz del Fuego. 
As ações criminosas haviam sido apontadas à polícia por Luz, que um deles queria se vingar. 
Onde atraiu Luz ao seu barco e a matou, e fez o mesmo com o seu caseiro.
O crime só foi desvendado duas semanas depois, a partir do depoimento que um coveiro.
O assassino foi preso e confessou a participação nas mortes. Os corpos foram resgatados no dia primeiro de agosto. 

Filmes

Luz del Fuego atuou em alguns filmes, como “No Trampolim da Vida” (1956) e “Comendo de Colher” (1959). Em 1982, a vida de Luz foi contada no filme “Luz del Fuego”, protagonizada por Lucélia Santos.
Sua história foi tema do documentário A Nativa Solitária, de 1954, recuperado pelo Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), de cujo acervo faz parte, bem como de um filme que leva o seu nome lançado em 1982. Em 2010, Luz del Fuego foi incluída na lista "Musas que fizeram a história do Rio", elaborada pelo portal G1.
Luz del Fuego - Filmes

CONCLUSÃO

ILHA DO SOL, A ÚLTIMA MORADA DE LUZ DEL FUEGO
Dora Vivacqua, mais conhecida como Luz Del Fuego, foi uma mulher que quebrou paradigmas em sua época. 
Dora foi dançarina, escritora, cantora e fundou o primeiro clube de naturismo na América Latina. 
Ela estava muito à frente do seu tempo, onde a sociedade exigia da mulher total submissão. 
O que contou a história da vida dessa mulher tão especial que teve um fim trágico assassinada por pescadores.
Ilha do Sol - Luz del Fuego - RJ
Existem planos para a restauração de sua ilha e local, para fomentar a arte, cultura, de modo a festejar a memória de uma mulher com uma visão muito além do seu tempo e que, infelizmente, é praticamente desconhecida pela grande maioria dos brasileiros.

Com esta lembrança, celebramos um ícone que desafiou limites e deixou sua marca na história, não como uma heroína, mas como uma figura que escolheu viver sua verdade com intensidade.
Luz del Fuego - Lembrança





 

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