Luz del Fuego e sua última morada
Luz del Fuego foi uma bailarina, naturista e feminista brasileira, nasceu em Cachoeiro do Itapemirim, Espírito Santo. Foi a décima quinta
filha de Antônio Vivacqua e Etelvina.
No início dos anos 20, a família Vivacqua mudou-se para Belo Horizonte.
"Luz del Fuego" foi o nome artístico adotado posteriormente
por Dora Vivacqua. Ao conhecer o serpentário do Instituto Ezequiel Dias, onde era o seu
passeio preferido.
Geniosa, não aceitava ordens nem opiniões sobre sua vida. Queria ir para
o Rio de Janeiro. Abominava o uso do sutiã. Desfilava pela praia de
Marataízes de calcinha e sutiã "improvisado" com lenços, quando o biquíni
ainda estava longe de constar no vocabulário nacional.
Em 1944, tornou-se atração da noite no palco do picadeiro do Circo Pavilhão
Azul, sendo anunciada como "a única, a exótica, a mais sexy e corajosa
bailarina das Américas: Luz Divina e suas incríveis serpentes".
Em 1947, por sugestão de um palhaço, começou a adotar o nome artístico
de "Luz del Fuego", nome de um batom argentino recém lançado no
mercado.
O "nome atraía público". A imagem do "fogo" representava bem a nova opção
de vida da dançarina.
Luz já havia salvo vários circos da falência com seus espetáculos.
Posteriormente foi contratada por um casal, para um pequeno teatro em
Copacabana, chamado Follies.
Suas falas, que ela nunca decorava, ficaram sob a responsabilidade de um
jovem membro da família, Daniel Filho.
O espetáculo "Mulher de Todo Mundo" fez muito sucesso. As notas na
imprensa começaram a aparecer e as atividades de Luz causavam incômodo à
família.
Luz resolveu publicar seu diário com o título de "Trágico Black-Out". Eram trechos comprometedores, como a sedução pelo cunhado, e fatos que
aludiam a uma prostituição assumida.
Logo após, Luz anunciava um segundo livro, com o sugestivo nome de "Rendez-vous das Serpentes".
No final dos anos 1940, começou a expor os seus ideais existencialistas,
naturistas, em defesa dos direitos da mulher e da liberdade de expressão,
e em combate aos preconceitos sociais.

Naturismo
Em 1950, começou a colocar em prática as ideias naturistas de
vegetarianismo e nudismo apresentadas em "Trágico Black-Out".
Segundo ela: "Um nudista é uma pessoa que acredita que a indumentária não
é necessária à moralidade do corpo humano. Não concebe que o corpo humano
tenha partes indecentes que se precisem esconder".
Luz começou a tornar públicas suas ideias em um país onde ainda não se
usava maiô de duas peças nas praias e o culto ao corpo se resumia aos
concursos de Miss Brasil.
Reunia um pequeno grupo de amigas na praia de Joatinga, próximo a sua
casa na Av. Niemeyer. Era uma praia deserta devido ao difícil
acesso.
Acompanhada de transformistas e alguns amigos, recebeu a visita da
polícia que levou todos para a delegacia. Luz percebeu então que o nudismo lhe asseguraria a evidência.
Publica o livro "A Verdade Nua". Nele lançava as bases de
sua filosofia naturista.
Assim, na primeira metade dos anos 50, Luz del Fuego causava furor por onde passava e começou a ser conhecida em todo o
país.
Seus shows eram garantia de bilheteria certa e levavam todos ao delírio.
Era o tempo das vedetes!
Luz chegou a ser capa da revista Life, nos Estados Unidos. Foi
detida, várias vez, por desacato à autoridade. Seus irmãos se destacavam
na política, no comércio e na área artística. O parentesco era inoportuno
e eles a perseguiam.

Luz criou o PNB, Partido Naturista Brasileiro, e conseguiu isto à custa de espetáculos gratuitos, seminua, nas escadarias do Teatro Municipal. Mas foi impedido o registro.
Luz seduziu o ministro da Marinha para conseguir a cessão de uma ilha
para a sede de sua colônia, a ilha de Tapuama de Dentro, que tinha dois terços de seus oito mil metros quadrados formados de
rochas, cactos e arbustos secos.
Ilha do Sol - Rio de Janeiro

A partir da segunda metade dos anos 50, a "Ilha do Sol" batizada por ela, passou a ser uma das grandes atrações do Rio de Janeiro, apesar de não fazer parte dos roteiros turísticos oficiais.

A partir da segunda metade dos anos 50, a "Ilha do Sol" batizada por ela, passou a ser uma das grandes atrações do Rio de Janeiro, apesar de não fazer parte dos roteiros turísticos oficiais.
Várias estrelas do cinema americano conheceram a ilha: Errol Flynn, Lana
Turner, Ava Gardner, Tyrone Powel, César Romero, Glenn Ford, Brigitte
Bardot e Steve MacQueen, que encerrou sua temporada de uma semana na ilha
depois de acordar com uma das jiboias de Luz sobre seu peito.
A nudez total era obrigatória na Ilha do Sol. Ninguém, nem mesmo
autoridades e personalidades, podia entrar na ilha sem deixar toda e
qualquer peça de roupas ainda no píer.
À época, os bailes de Carnaval na ilha tornaram-se famosos, causando
grande polêmica na imprensa e na sociedade conservadoras de então.
Em janeiro de 1936, aos 19 anos de idade, vive um romance com José
Mariano Carneiro da Cunha Neto, que pertencia a uma das mais
importantes famílias do Rio.
Certo dia, Luz del Fuego é flagrada com Carlos, um
dos maiores empreiteiros da época, marido de sua irmã Angélica, em sua
própria cama.
A maior parte da família preferiu acreditar nas mentiras de Carlos e
pensando que sua cunhada era esquizofrênica a internou, durante dois
meses, no Hospital Psiquiátrico Raul Soares, em Belo Horizonte.
Quando ela saiu do hospital, passou uma temporada na fazenda de
Archilau, outro irmão, quatorze anos mais velho que ela.
Del Fuego passou a desfrutar de alguma liberdade, até que
apareceu vestida apenas com três folhas de parreira e duas cobras-cipós como braceletes, para o filho do administrador da fazenda,
responsável em acompanhá-la onde quer que ela fosse.
Morte
Envolveu-se com um pescador musculoso e analfabeto, com quem manteve
uma relação de muitos meses. Seu último amor foi o guarda
portuário.
Os amigos quiseram alertá-la para um possível perigo do envolvimento
com pessoas "deste nível".
Ela respondia que não se preocupassem e arrematava: "Eu sou uma Luz
que não se apaga".
Em 19 de Julho de 1967 dois irmãos armaram uma emboscada para Luz del
Fuego.
As ações criminosas haviam sido apontadas à polícia por Luz, que um deles
queria se vingar.
Onde atraiu Luz ao seu barco e a matou, e fez o mesmo com o seu
caseiro.
O crime só foi desvendado duas semanas depois, a partir do depoimento que
um coveiro.
O assassino foi preso e confessou a participação nas mortes. Os corpos foram
resgatados no dia primeiro de agosto.
Filmes
Luz del Fuego atuou em alguns filmes, como “No Trampolim da Vida”
(1956) e “Comendo de Colher” (1959). Em 1982, a vida de Luz foi
contada no filme “Luz del Fuego”, protagonizada por Lucélia
Santos.
Sua história foi tema do documentário A Nativa Solitária, de
1954, recuperado pelo Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES),
de cujo acervo faz parte, bem como de um filme que leva o seu nome lançado
em 1982. Em 2010, Luz del Fuego foi incluída na lista "Musas que fizeram a história do Rio", elaborada pelo portal G1.


CONCLUSÃO
ILHA DO SOL, A ÚLTIMA MORADA DE LUZ DEL FUEGO
Dora Vivacqua, mais conhecida como Luz Del Fuego, foi uma mulher que
quebrou paradigmas em sua época.
Dora foi dançarina, escritora, cantora e fundou o primeiro clube de
naturismo na América Latina.
Ela estava muito à frente do seu tempo, onde a sociedade exigia da mulher
total submissão.
O que contou a história da vida dessa mulher tão especial que teve um fim
trágico assassinada por pescadores.

Existem planos para a restauração de sua ilha e local, para fomentar a arte, cultura, de modo a festejar a memória de uma mulher com uma visão muito além do seu tempo e que, infelizmente, é praticamente desconhecida pela grande maioria dos brasileiros.

Existem planos para a restauração de sua ilha e local, para fomentar a arte, cultura, de modo a festejar a memória de uma mulher com uma visão muito além do seu tempo e que, infelizmente, é praticamente desconhecida pela grande maioria dos brasileiros.
Com esta lembrança, celebramos um ícone que desafiou limites e deixou sua
marca na história, não como uma heroína, mas como uma figura que escolheu
viver sua verdade com intensidade.


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